O caos no porto de Xangai
Devido ao aumento significativo de casos de Covid-19 e ao decreto de lockdown no principal centro financeiro da China, o porto de Xangai enfrenta um congestionamento gigantesco nos últimos dias, resultando em atrasos na entrada e saída de suprimentos.
Hoje no blog da Modal, vamos explorar em detalhes o caos que está ocorrendo do outro lado do mundo e como isso pode influenciar o Brasil e a economia global.
O que você encontrará neste post:
- Como chegamos a esse caos?
- Quais são os impactos no mundo?
Como chegamos a esse caos?
Com o surto de Covid-19 na China, as autoridades decidiram implementar medidas rigorosas para conter a propagação do vírus. Xangai, o centro financeiro do país, foi particularmente afetada. O último comunicado do governo relatou 2.472 casos confirmados na cidade nesta segunda-feira (25), enquanto o número total de novos casos em todo o país foi de 2.680. No domingo (24), Xangai registrou 39 mortes, o maior número desde o início da quarentena.
Na semana anterior, cerca de 400 milhões de pessoas em 45 cidades chinesas estavam sob bloqueio total ou parcial devido à política de “zero Covid” da China, reforçada especialmente em Xangai e Pequim. Essas duas cidades juntas representam 40% do PIB chinês, aproximadamente US$ 7,2 trilhões, segundo a Nomura Holdings.
Nesse contexto, Xangai enfrenta atividades ainda mais restritas, o que pode levar ao aumento dos preços e penalizar ainda mais a economia global.
Quais são os impactos no mundo?
As previsões não são animadoras: o impacto do congestionamento deve persistir até o final do segundo trimestre. Isso pode até se estender, caso a normalização não ocorra rapidamente.
As exportações através de Xangai representam de 30% a 50% de todos os produtos que saem da China, o que significa que o mundo pode enfrentar dificuldades severas na recepção de produtos.
A Maersk, a maior empresa de transporte marítimo do mundo, anunciou que “vários navios pularão o porto de Xangai em suas rotas” devido à falta de espaço disponível para contêineres.
A consequência global será uma desaceleração nos fluxos de importação e em toda a cadeia produtiva, o que pode resultar em aumento da inflação.
“Há muita preocupação de que as exportações sejam afetadas e do impacto inflacionário no mundo, inclusive na América Latina, que é um grande parceiro comercial da China”, afirma Alicia García-Herrero, economista-chefe para Ásia-Pacífico do banco de investimentos Natixis. “Como a capacidade do porto não é a mesma de março, nem de fevereiro, levará algum tempo para resolver tudo isso. Mesmo que o lockdown da cidade termine amanhã, há um acúmulo de capacidade que não será resolvido rapidamente”, explica Rodrigo Zeidan, professor de Economia e Finanças da NYU Shanghai.